Quando eu era criança, até os meus 4 aninhos eu morei numa casa de
madeira velha. A corrente na porta fazia um barulho durante a noite. Mas
nós dormíamos sossegados. E eu amava rabiscar nas partes brancas da casa. Amava
o chão de cera vermelha com buraquinhos aleatórios. Amava tomar banho num latão
gigante cheio de água.
Mas acho que você não sabe disso.
E já me diverti muito com um simples papel celofane colorido, para ver
o mundo de várias cores. E os gafanhotos que criava na caixa de fósforo, poderia ser maldade, mas
era uma forma infantil e ingênua de guardar um pedacinho da natureza que eu
achava tão mágica.
Mas, acho que você não sabe disso.
Cresci, e com a adolescência vieram os hormônios, as duvidadas e tudo
mais que essa idade nos oferece...
Eu nunca quis ser mãe, mas levo jeito com crianças. Até que muitos
anos depois recebi a noticia de que seria teria um bebê e ai tudo mudou, hoje
não consigo imaginar minha vida sem
minha filha.
Nunca quis ser carente “que
bobeira carência”, eu dizia. Mas me perdi mil e quinhentas vezes num abraço
pequeno.
Acreditei no amor um monte de
vezes. Quis ele todos os dias comigo, me fazendo forte, me fazendo útil. E eu
continuo acreditando nele, enquanto eu sentir um carinho sincero no olhar em
que eu posso confiar.
Mas, eu acho, quase que com toda certeza, que você não sabe disso.
Ah! e eu prefiro Fanta uva à Coca-Cola. Isso se não tiver um suquinho…
Talvez você não saiba muita coisa sobre mim, ou saiba muita coisa...
Porque eu escrevo, acho que é a parte do não saber que dá margem para que um
mundo inteiro de pessoas decida julgar umas às outras. Ou desejar de forma
negativa algo que elas sequer sabem que existe ou porque acham que nunca existe
às vezes um caminho infeliz até a felicidade.
Meu dia tem cor, meu ar tem perfume, meus sonhos crescem e vão tomando forma e tudo vai se encaixando... Tem que ser assim!
Não sei se você sabe disso. Nem se é importante saber. Mas quando você
quer algo corra atrás e não desista nunca...
Bem, eu prefiro acreditar que você não sabe nada. Mas, acho que você
não sabe disso… sabe? –